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Hegel


vb. criado em 19/08/2014, 22h28m.

index do verbete
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Hegel, Georg W. Friedrich (1770-1831), último dos grandes criadores de sistemas filosóficos; de seu trabalho derivaram o Marxismo, o Existencialismo e a Fenomenologia. Ontologia, Metafísica, filosofia, Lógica, Filosofia política, Epistemologia, Metafilosofia. Maior expoente do ”Idealismo alemão”. 1807: Fenomenologia do espírito, obra máxima.

epistemologia, ontologia

Busca superar o Dualismo de sujeito e objeto de Kant, segundo o qual só era possível conhecer a aparência fenomenológica das coisas, não sua essência [4]. Monismo: sua ideia central era de que todos os fenômenos, da consciência às instituições políticas, são aspectos de um único espírito (mente ou ideia), que ao longo do tempo reintegra esses aspectos em si mesmo [6]. O fundamento supremo da realidade não podia ser o “absoluto” de Schelling nem o “eu” de Fichte e sim a “idéia”, que se desenvolve numa linha de estrita necessidade. A dinâmica dessa necessidade não teria sua lógica determinada pelos princípios de identidade e contradição, mas sim pela Dialética, realizada em três fases: tese, antítese e síntese (ou simplicidade, cisão e reconciliação). Assim, toda realidade primeiro “se apresenta”, depois se nega a si própria e num terceiro momento supera e elimina essa contradição [4] [8] /v. desenvolvimento da ideia em Dialética/.

De todas as relações a mais universal é a do contraste ou oposição. Toda condição de pensamento ou das coisas, toda ideia e toda situação do mundo, leva irresistivelmente ao seu oposto e depois se une a ele para formar um todo mais elevado e mais complexo. “A Verdade é uma unidade orgânica de partes contrárias” [3] [12]. O movimento do pensamento é idêntico ao das coisas, em cada um deles há uma progressão dialética a partir da unidade para a diversidade e daí para a diversidade na unidade. Pensamento e ser seguem a mesma lei, lógica e metafísica são uma só coisa [3].

Assim não só os fatos históricos (externos à consciência ((abr. loc.: c.)) evolvem dialeticamente, mas a própria c. devem. O homem antigo e o moderno não só pensam coisas diferentes, mas pensam diferentemente sobre elas. A c. do homem avançou gradualmente até formas coletivas de c.. Logo, não há nada sobre o ser humano que não seja de caráter histórico [6] [8].

A idéia lógica, o princípio (fase da lógica), converte-se em seu contrário, a natureza (etapa da filosofia natural), e esta em espírito, que é a “síntese” de idéia e natureza: a idéia “para si” (fase da filosofia do espírito) [4]. Tudo que é real é racional; tudo que é racional é real. Realidade = razão. Absoluto = conhecimento. Portanto é possível a) conhecer e b) justificar a totalidade. Faz-se isso reconstituindo o percurso do espírito absoluto na direção da sua identificação (o espírito tornando-se conhecido de si, desvelando-se para si), e compreendendo que a razão sempre governou esse processo [9].

O processo dialético-evolutivo começa com o que chamamos natureza, que é também espírito. Há um sistema de estágios. No início há aquilo que é 'apenas Vida', a natureza como totalidade viva; evolve para aquilo que tem existência como espírito (a totalidade da natureza revelada como sendo sempre, quando apropriadamente compreendida, espírito). A partir desse ponto, surgida a c., a evolução continua na própria c., que primeiro pensa em si como coisa individual em meio a outros indivíduos, separada da matéria e do mundo natural; depois pensa coletivamente, em grupos sociais e políticos, e culmina alcançando o estágio de espírito absoluto. Os estágios primitivos não são 'deixados para trás', mas revelados como aspectos insuficientemente analisados da totalidade [6].

O espírito se desdobra em “subjetivo”, “objetivo” e “absoluto”. O espírito subjetivo é o de cada indivíduo, e o espírito objetivo é a manifestação da idéia na história: sua expressão máxima é constituída pelo Estado, que realiza a razão universal humana, síntese do espírito subjetivo e do objetivo no espírito absoluto [4]. A evolução dialética em direção ao Absoluto deve conter um sentido particular de direção e uma finalidade. Essa finalidade é que ^ chama de 'espírito absoluto' [6]. Quando o espírito absoluto se realizar (a trajetória chegar ao final) perceberemos o sentido de todas as etapas e fatos. A realização histórica e lógica do absoluto é regulada pela mais estrita necessidade. Não existe acaso. Todas as determinações ao longo do trajeto não podem deixar de ocorrer nem ocorrer de outro modo. Por isso se pode determinar (ao fim) racionalmente o sentido da história. Por isso a história é lógica, e a lógica é história; a razão (o racional) é o que existe de mais real; todo real é racional, todo racional é real [9].

A evolução da c., de individual para coletiva, concluir-se-á num estágio final de c. que já não pertence aos indivíduos, mas à realidade como um todo. Nessa altura o conhecimento seria completo, porque a síntese dialética levaria o espírito a abranger tanto aquele que conhece quanto aquilo que é conhecido; todas as formas de alteridade terminam assimiladas. Elas já eram parte do espírito, mas ele não sabia disso. O espírito não visa abranger a realidade (ele já a abrange), mas tornar-se ciente de si mesmo. Não existe a separação entre as coisas do mundo e os pensamentos sobre essas coisas, o espírito absoluto é tanto o pensamento quanto aquilo que é pensado [6].

metafilosofia

Toda ~f de ^ se resumiria no esforço da unificação. A ~f , assim como a mente, têm de descobrir a unidade que se acha latente da diversidade. A ética deve unificar caráter e conduta. A política deve unificar indivíduos num Estado. A religião deve conduzir a atingir e sentir aquele Absoluto que resolve todos os opostos na unidade, “aquela grande soma de ser na qual matéria e mente, sujeito e objeto, bem e mal são uma coisa só. Deus é o sistema de relações no qual todas as coisas se movem e têm sua existência e seu significado” [3] [10].

A função da mente e a tarefa da ~f é descobrir a unidade que se encontra latente na diversidade [3]. A missão filosófica é entender o presente; não se trata de compreender nem o que foi nem o que será, mas o que é [9].

lógica

A ^^ de ^ é uma análise não de métodos de raciocínio, mas dos conceitos usados no raciocínio. Esses conceitos são as Categorias de Kant, Ser, Qualidade, Quantidade, Relação, etc. [3].

filosofia política.

“Nada de grande no mundo foi realizado sem [Paixão]” [7]. “A história do mundo não é o teatro da felicidade; os períodos de Felicidade são páginas em branco, porque são períodos de harmonia” [7]. A história só é feita nos períodos em que as contradições da realidade estão sendo resolvidas mediante uma série de revoluções, onde grandes homens são instrumentos do Absoluto, tendo ou não consciência da Ideia que estava madura para nascer (por corresponder ao Zeitgeist), e que eles põem em ação. Essa ideia nova “era a própria Verdade para a sua época, para o seu mundo; a espécie que vinha a seguir na ordem, por assim dizer, e que já estava formada no ventre do tempo” [7]. “Os grandes homens não são tanto geradores, como parteiros, do futuro” [3].

A contradição é o motor da história [9]. Como só a luta dos contrários pode resolver as contradições, a suma disso é que a liberdade é a mais profunda lei da ^^. O Estado deveria ser a liberdade organizada [3]. O progresso que os indivíduos deflagram é sempre um tipo de libertação, cada revolução liberta aspectos do espírito de alguma opressão, alguma tirania que é por sua vez o resultado da superação de uma tirania anterior [6].

Mas a ~f de que “todo real é racional” implica na ideia de ordem, e no conservadorismo, porque diz, em suma, que “tudo que é, é certo”. Por suas contradições a ^^ de ^ gerou herdeiros à esquerda (Marx, Feuerbach) e à direita (Fichte e Weisse) [3].

Sobre a [Guerra]: “On Hegelian principles, contracts between states are not valid, since sovereignty cannot be abrogated by treaty. The test of sovereignty is war, which discloses the truth that nations are not subordinate to law but operate in a Hobbesian “state of nature”” [2].

teologia

O auge do sistema filosófico de ^ é Deus, na forma de Espírito Absoluto a refletir sobre si mesmo [11].

comentários

Sobre ^ e Tempo v. Pourriol, Filosofando no cinema e de certa forma Hegel, por Silva, f. de l. (sobre a falta de peso do presente).

Sobre ^ em Berlim: “Hegel impusera-se então como uma espessa camada de neve sobre os campos e florestas verdes da filosofia alemã. Nada da paisagem verdadeira era visível sob esse manto de obscuridade, e os filósofos ficaram restritos à criação de estranhos bonecos de neve, atirando bolas de neve dialéticas uns nos outros e patinando habilmente pelos lagos congelados da abstração” [1].

fichas de leitura sobre ^:

1. Hegel, por Silva, f. de l.

2. Hegel, por Feinmann, f. de l.



Notas e adendos:

[1] S1998s.

[2] “Hegel, Georg Wilhelm Friedrich.” International Encyclopedia of the Social Sciences. 1968. Retrieved April 01, 2015 from Encyclopedia.com: http://www.encyclopedia.com/doc/1G2-3045000506.html.

[3] D1926h.

[4] G99e.

[5] D1926h 226.

[6] B2011f.

[7] ^, Filosofia da História.

[8] Ninguém negaria que o fenômeno humano e suas instituições são históricos; a novidade de ^ foi dizer que a consciência e as estruturas do pensamento também são históricas, isto é, sujeitas à mudança. Para Kant, por exemplo, como as categorias existem antes da experiência, elas eram independentes da história, isto é, de qualquer influência histórica ou aperfeiçoamento [6].

[9] Hegel, por Silva, f. de l..

[10] M.c.: não sei bem quanto disso é ideia de ^ e quanto é ideia do próprio Durant.

[11] S2006m 20.

[12] A dialética, o dualismo, a antítese brotando do cerne da tese, a síntese harmoniosa dos contrários como essência da realidade, tudo isso já aparece na metafísica do Pitagorismo.