Dialética do amo e do escravo
vb. criado em 12/09/2014, 21h59m.
- n. ed., trecho do vb. Hegel, por Feinmann, f. de l.. Este tema aparece no comentário de Pourriol, Filosofando no cinema ao filme 'Bom Trabalho'.
- O que o homem deseja?
Quem cria a cultura?
Como se desenvolve a dialética histórica no pensamento de Hegel?
Do idealismo ao materialismo: como pensar os novos sujeitos históricos?
O que teme morrer antepõe o temor da morte ao seu desejo.
O animal deseja coisas naturais; o homem deseja desejos, isto é, o desejo de um homem deseja o desejo do outro, deseja que o outro o reconheça como superior, que se lhe submeta.
^ tira a consciência da imanência que tinha no pensamento idealista subjetivo, que via a consciência como uma interioridade. Para ^ a consciência, ao ser consciência desejosa, se expulsa, se projeta para fora.
Surge, então, um enfrentamento, que tem uma resolução porque as duas consciências sabem que se trata de uma luta de morte; a certa altura uma delas tem medo, e antepõe o temor da morte ao seu desejo (o medo de morrer é mais forte que seu desejo de ser reconhecido). Aquele cujo desejo é mais forte que o medo de morrer subjuga ao outro. Este é o amo, aquele o escravo.
O escravo passa a trabalhar para o amo, e fornecer a ele tudo o que necessita. Ao trabalhar a matéria, produz a cultura. Passa a ser mais humano que o amo, que percebe que o reconhecimento que recebeu é de um mero escravo, menos que humano, e, pois, não é reconhecimento válido.
Aqui se vê a dialética: uma consciência nega a outra, que se submete à primeira; surgem amo e escravo; este pratica a negação da negação ao superar o mestre, criando a cultura; no terceiro momento, que é a história humana, a cultura humana, integra toda a dialética: o amo ocioso, o escravo trabalhador, formando parte de uma nova figura histórica.
Em Descartes tínhamos um conhecimento único, absoluto e privativo que o sujeito tinha sobre si; em Kant, o sujeito é transcendental, dá forma ao objeto do conhecimento, que é o mundo da experiência possível, separado do númeno, o mundo da coisa-em-si, incognoscível para a razão; em Hegel a razão vai mais fundo, mais extensamente que nunca, e conhece toda a realidade, porque esta é uma expressão da razão. Há um jogo especular: a realidade é razão e a razão é realidade. Isso é idealismo absoluto.
Hegel expressa o triunfo da burguesia, mas esse triunfo faz surgir um novo sujeito histórico, e alguém tem de pensá-lo, e esse será Marx.
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