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Mito


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cpm

Um mito é uma máscara de deus: uma metáfora daquilo que repousa por trás do mundo visível.

Mitos são pistas para as potencialidades espirituais da vida humana.

O mito é o sonho da sociedade, é o sonho público, e o sonho é o mito privado >p.42).

‘Penso na mitologia como a pátria das musas, as inspiradoras da arte, as inspiradoras da poesia. Encarar a vida como um poema, e a você mesmo como o participante de um poema, é o que o mito faz por você’ >p.57).

Esse é o tema básico de toda mitologia: o de que existe um plano invisível sustentando o visível.

‘(...) arquetipologia essencial da nossa vida espiritual (...)’ >p. 103).

Mito não é mentira: é poesia, é metáfora. É a penúltima verdade: porque a última não pode ser transposta em palavras >p. 173), pode ser conhecida, mas não contada.

...

A sociedade precisa da mitologia, porque precisa de uma constelação de imagens suficientemente poderosa para reunir, sob uma mesma intenção, todas as tendências individualistas (p. 142).

(f.: Campbell, Joseph & Moyers, Bill. O poder do mito. Trad. Carlos Felipe Moisés. São Paulo: Palas Athena, 1990.)

Quatro dimensões.

Função mística: abrir o mundo para a dimensão do mistério, do transcendente, para a consciência do mistério que subjaz a todas as formas.

Função cosmológica: mostrar a forma do universo mas de uma forma em que o mistério se manifesta.

Função sociológica: dar suporte e validação a determinada ordem social. Dirigir o mundo por princípios éticos.

Função pedagógica: ensinar a viver uma vida humana sob qualquer circunstância. >p.32).

A conciliação entre a mente humana e as condições da vida é fundamental em todas as histórias da criação >p.44) (Vide § 117 abaixo).

fonte: (f.: Campbell, Joseph & Moyers, Bill. O poder do mito. Trad. Carlos Felipe Moisés. São Paulo: Palas Athena, 1990.)

jung

Mitos de natureza religiosa são espécie de terapia mental generalizada contra os males que afligem a humanidade (fome, guerra, velhice, morte) >p.79). (f.: Jung, C. G. et allii (2000). O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro : Ed. Nova Fronteira.)

O homem precisa de idéias e convicções gerais que lhe dêem sentido à vida e lhe permitam encontrar seu lugar no mundo. Pode suportar as maiores privações se crê que têm um sentido, mas não quer participar de uma história escrita por um idiota >p.90).

O papel dos símbolos religiosos é dar significado à vida do homem.

(f.: Jung, C. G. et allii (2000). O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro : Ed. Nova Fronteira.)

Eliade

n. ed., v.: Eliade, Mito e realidade

No mundo arcaico a religião abre um mundo sobrehumano, dos valores transcendentes, revelados pelos entes divinos ou ancestrais: valores absolutos, paradigmas das atividades humanas; os mitos visam despertar e manter a consciência de um outro mundo, do além, mundo divino ou dos ancestrais /123. Dão a ideia de que alguma coisa existe realmente, valores absolutos, fixos, duradouros no fluxo universal, capazes de guiar o homem e dar significação à existência humana. Esse mundo sagrado, transumano e transmundano, dá certeza de que algo existe de maneira absoluta, e daí surgem as ideias de verdade, realidade e significação. /124.

94 A imitação dos gestos paradigmas não é mera repetição. O xamã ou bardo ou médico-feiticeiro usa a criatividade poética, vinculada a uma experiência extática e dela dependente.

95 O mito garante ao homem que o que ele faz já foi feito, e portanto pode ser feito. Basta repetir o ritual cosmogônico e o território desconhecido (=o caos) se transforma em cosmo. /125

96 O homem arcaico vive num mundo aberto, embora cifrado e misterioso. O mundo fala, para entender basta conhecer os mitos e os símbolos. O mundo se revela enquanto linguagem. Todo objeto cósmico tem sua história, é capaz de falar ao homem. Essa coparticipação torna o mundo familiar e transparente: através dos objetos do mundo veem-se os traços dos entes de outro mundo. O homem arcaico se comunica com o mundo porque usa a mesma linguagem, o símbolo; e sente que o mundo também o vê e ouve. Por isso, o homem arcaico sabe que é algo mais /126/127.

97 O homem arcaico aceitaram a tortura, o [Canibalismo], as orgias sexuais, a caça às cabeças, como magicamente justificadas pelos mitos, como parte integrante do seu modo de ser. Os mitos explicam ao homem sua condição de ser mortal e sexuado, condenado a matar e trabalhar para nutrir-se. A conduta violenta tem valor religioso e se funda em modelos transumanos. O mito não é garantia de bondade: sua função é revelar modelos e dar significação ao mundo e ao homem. /127