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Clássico e barroco



index do verbete

Colli

1. O classicismo é linear, o barroco pictural. No classicismo a linha, instrumento construtor por excelência, define com nitidez os objetos, conduz o olhar e limita os volumes. Os contornos e superfícies são fisicamente isolados numa visão plástica pelo contorno, são perfeitamente recortados, o modelado (aplicação de luz e sombra sobre um objeto para obter efeito de volume) tem precisão metálica. O barroco é pictural: o caráter palpável dos volumes é substituído pela aparência puramene visual. Os limites lineares são imprecisos, carnes e tecidos não refletem mais a luz, o modelado é menos definido. Os objetos não são isolados entre si, e se ligam uns aos outros através de passagens suaves.

2. O classicismo utiliza planos, o barroco a profundidade. O classicismo é sereno, calmo, meditativo, o barroco é frenético e violento. No classicismo há construção em planos sucessivos, num espaço organizado geometricamente, com planos claros e paralelos. No barroco não se pode fazer o olhar caminhar por etapas, tudo circula sem repouso, tudo está ligado, passa-se do primeiro plano ao último sem transições.

3. O classicismo possui uma forma fechada, o barroco aberta. No classicismo há eixos de constrição estáveis e claros, na horizontal e na vertical. No barroco há o dinamismo das diagonais. E no classicismo há suficiência da composição, a imagem foi feita para ser vista na sua totalidade (tudo que há para ser visto está na tela). Já no barroco a imagem extravasa os limites da tela, que mostra só um fragmento.

4. O classicismo é plural, o barroco unitário. No classicismo cada elemento do quadro existe por si e se articula de acordo com a organização clara do todo. No barroco não há vida autônoma dos elementos, as formas emergem de um fluxo único, nada pode ser considerado à parte ou destacado do resto.

5. O classicismo usa luz absoluta, homogênea em todo o quadro, ilumina da mesma maneira todos os detalhes. O barroco usa luz relativa: seleciona, privilegiando certas regiões, obscurece outras, a luz dramatiza circunstancialmente pelo claro-escuro.

Essas categorias são pólos, não os únicos, em volta dos quais se situam mais ou menos próximas as obras.

(f.: Colli, J. (1981). O que é arte. Col. Primeiros Passos, São Paulo : Ed. Círculo do Livro, 90 pp.).

da Barsa

Dotado de maior dinamismo foi o estilo gótico, que se implantou entre os séculos XII e XV. Estilo também essencialmente arquitetônico e internacional, se bem que adquirisse peculiaridades em cada país, o gótico substituiu o tratamento frontal pela utilização de diagonais e oblíquas, ao mesmo tempo que conferia muito maior importância à percepção do espaço. O arquiteto gótico elevou massas imponentes a grandes alturas. Parecia querer atenuar a lei da gravidade e conseguia um equilíbrio todo feito de tensões. Para alguns autores da moderna história econômica e social dedicada a esse período, a altura e magnificência das catedrais góticas expressaram muito mais o orgulho da burguesia ascendente e a competição entre suas cidades do que um surto de fé e espiritualidade.

A tensão já não se acha presente no estilo renascentista que se seguiu. Mas a rígida monumentalidade foi tão alheia ao espírito renascentista como o foi ao ideal gótico tardio. É que, se a arte medieval era antes de tudo simbólica e como que apartada da vida, a renascentista achava-se imbuída da experiência que o artista trazia do mundo exterior. A tendência a reproduzir a aparência real das coisas, que acabaria por gerar o realismo fotográfico de fins do século XIX, teve suas raízes na arte renascentista. Logo, porém, haveria de surgir uma nova reação a essa fase “clássica”, com o advento do maneirismo no século XVI e já como prelúdio do barroco. O maneirista interpretava as formas de modo até certo ponto engenhoso, embora torturado.

A arte barroca dos séculos XVII e XVIII substitui o equilíbrio e repouso renascentistas pela constante sensação de movimento. O estilo barroco, no entanto, não pode ser comparado ao gótico: neste, a forma é espiritualizada e, naquele, intelectualmente elaborada. O artista barroco exalta o esforço físico e procura combinar uma energia toda terrena com elementos místicos. Obtém, assim, efeitos de incrível impacto dramático. O vigor desses resultados transforma-se em graça e frivolidade no período rococó, quando as formas se mostram ainda mais elaboradas, mas com uma sobrecarga decorativa que, nas últimas décadas do século XVIII, marca o final de um longo processo de desenvolvimento.

f.: Barsa CD v. 1.11 (1995). Baseada na Nova Enciclopédia Barsa. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações (1 CD)

Huxley

'O objetivo do artista clássico, seja qual for o período a que ele pertença, é buscar a ordem no caos da experiência, é apresentar um quadro racional e compreensível de realidade, em que todas as partes sejam vistas com nitidez e guardem entre si proporções corretas, de modo que o observador saiba precisamente (ou, para ser mais exato, imagine que sabe) o que é aquilo.' (Céu e Inferno, apêndice III).

1001

A essência do classicismo é a busca de simetria, proporção e ordem. “O classicismo não é o estilo de uma era determinada ou de um país determinado: é um estado constante da mente artística. É uma maneira de ser que mescla segurança, satisfação e paciência” (James Joyce, Ulisses) (apud 1001 p.168).


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